Talvez pela aceleração do processo de industrialização, o sistema tenha transformado o povo em insumo – voltando ao fermento, o povo fermenta a economia, e quando já não é mais útil é reprocessado e usado sucessivamente até envelhecer e cair no desuso.
Apesar das promessas românticas do capitalismo de uma mobilidade social, podemos notar claramente que ainda vivemos uma sociedade de castas hereditárias, e que o fermento sempre será o mesmo fermento: o povo.
Os capitalistas menosprezavam os socialistas pelo fato de terem idéias utópicas, mas temos que reconhecer que o sistema que vivemos hoje na maior parte do mundo também deixa muito a desejar. Não importa a nomenclatura, o que importa é essa porra funcionar!
Independente de ideologias, o povo não pode estar expostos a tantos danos, desigualdades sociais se alargando de forma logarítmica, e o povo continua fermentando. Fermentando tudo o que a mídia lhes joga em pacotes de todos os tamanhos. Informações manipuladas e parciais ao interesse do senhor Charles Foster Kane.
Do capitalismo romântico pregado pelos entusiastas do modelo de “competição pelo poder” o povo fica como Werther de Goethe, e terá o mesmo fim, só que sendo descartado como fermento.
Viveríamos em um mundo quase ideal se os culpados pelas desigualdades fossem o sistema político-econômico que adotamos. No entanto temos que ir mais fundo para achar as raízes destes problemas. Um povo alienado é facilmente manipulado. Ainda investigando a natureza egoísta do ser humano, podemos ligar este gene com o gene da liderança. Pois todo líder que desponta quando no poder entrega-se ao egocentrismo e esquece a massa que outrora integrou.
Outra hipótese igualmente possível é que esse egocentrismo seja uma característica inerente ao homo sapiens. É neste contexto que a humanidade se torna detestável, tão ingênua quanto suas próprias origens. Entre os pensamentos dos românticos capitalistas e dos insanos realista fies a Schopenhauer acerca da humanidade, eu fico com os insanos.
“Sie haben nicht genug Brot? Dann sollen sie doch Kuchen
Ainda inspirado por Arthur Schopenhauer, tenho a ousadia de dizer que a humanidade não tem cura. Para que semear falsas ilusões e promessas de mudanças, se no fim de tudo o que está errado somos nós.
Enfim, isto tudo é um ciclo, o povo continuará sendo fermento, a diminuta mobilidade social é cancelada pela lavagem cerebral dos camponeses que tornam-se nobres. Independente de quantos reis presidentes e ditadores colecionarmos em nossa história, enquanto formos humanos continuaremos sendo insensíveis.
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